domingo, 5 de outubro de 2008

Sistema complementar e o metrô em Curitiba

Sistema complementar e o metrô em Curitiba

Curitiba precisa discutir e pensar com seriedade sobre a necessidade de implantar o metrô.
O que seria o metrô?
De acordo com a Wikipedia é (http://pt.wikipedia.org/wiki/Metr%C3%B4 ):
um tipo especial de trem, sendo que uma de sua principais diferenças é o fato de ser tipicamente subterrâneo e dedicado ao transporte de passageiros em redes de malha relativamente apertada e com elevada inter-modalidade, com outros meios de transporte, ou seja, há uma grande integração entre os demais meios de transportes. Geralmente construídos independente dos demais tipos de transportes.
Em que condições?
Quando a cidade atinge uma população semelhante à da capital paranaense passa a depender de sistemas complementares de transporte coletivo urbano (elevados e/ou subterrâneos) de modo a poder oferecer segurança, rapidez, integração, disciplinamento urbano e condições ambientais razoáveis à população.
Podemos perguntar, com que dinheiro?
Com o mesmo que cidades como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e outras, ou seja, com recursos locais, estaduais e federais, dentro de um consórcio que trará ganhos econômicos à nação.
Qual o prazo para entrada em operação da primeira linha?
Em torno de 10 anos, pois essa será a mais crítica. Em torno dela serão definidos os padrões técnicos do sistema, feitas as principais pesquisas, desapropriações, estudos de impacto ambiental, sondagens, ensaios, decisões sociais e políticas, administrativas e financeiras além da necessidade de se construir toda a estrutura física e operacional que será necessária a essa linha e àquelas que serão adicionadas sucessivamente. Detalhando melhor, não necessariamente na ordem lógica:

1. Constituir a empresa responsável pelo metrô, se possível em parceria com o estado e a União.
2. Contratar consultoria sob rigorosos critérios técnicos.
3. Obter investimentos e financiamentos compatíveis com os recursos existentes.
4. Viabilizar em termos fiscais o pagamento dos empréstimos a serem conquistados, lembrando que a receita operacional do metrô não cobrirá a totalidade de seus custos.
5. Definir tarifas e formas de integração com o sistema existente.
6. Contratar, montar, treinar, preparar as equipes de direção, técnicas e operacionais.
7. Definir sob critérios técnicos rigorosos as tecnologias a serem utilizadas (definir, documentar, justificar).
8. Fazer pesquisas de solo, de “origem e destino” dos futuros passageiros, de impacto ambiental, de conflito com a infraestrutura existente etc. para decisão de trajeto, localização de estações, áreas de oficinas, centro de operação, garagens e assim por diante.
9. Pactuar com as concessionárias de água, luz, telefone, etc. a utilização dos caminhos que serão criados.
10. Definir, projetar e construir o centro operacional, garagens, oficinas e sistemas de apoio.
11. Preparar e realizar de maneira eficaz as desapropriações necessárias.
12. Licitar e contratar empreiteiras.
13. Construir a primeira linha que, para operar, deverá ter a empresa funcionando plenamente.
14. Preparar a cidade para o metrô com sistemas de informação, educação etc.
15. Refazer calçadas, preparar sistemas de acesso a terminais, viabilizar recursos para máximo aproveitamento do transporte coletivo.

O metrô passa a ser um circuito de centralização de deslocamentos integrado aos modais existentes. Á um sistema complementar ao atual, invertendo-se a importância com o tempo, à medida que ampliar suas linhas, que tiver capilaridade.
Por quê “sistema complementar”?
De início o metrô complementará os sistemas de superfície para, dependendo da amplitude, inverter essa visão, deixando, talvez, algum dia, os sistemas de superfície como linhas complementares. É um recurso que, de imediato, dará maior funcionalidade aos existentes. Somando-se ao sistema de ônibus de Curitiba, por exemplo, formará um belíssimo recurso de transporte coletivo urbano, necessário diante das perspectivas de crescimento da capital paranaense. Considerando a média das 41 cidades no mundo com maior extensão metroviária, a região metropolitana de Curitiba deveria ter algo em torno de 50 km de metrô operando. Naturalmente as condições econômicas e políticas do Brasil ditam outras prioridades. É compreensível, mas desalentador sentir que o rigor dos curitibanos não tem contrapartida em outros lugares de nosso imenso e perdulário Brasil. Quando vemos outras regiões menos disciplinadas usando e abusando de verbas federais, gastando o que economizamos, sentimo-nos como que enganados pelos nossos vizinhos.
Os paranaenses tiveram a lucidez de construir sua capital com muitos cuidados, que a fazem exemplo de urbanismo. Pelo menos temos esse orgulho.
Não há como, entretanto, conservar a qualidade de vida em Curitiba pensando simplesmente em ônibus, alargando avenidas, proibindo estacionamentos e construindo viadutos e trincheiras. Com certeza vamos entrar na fase dos buracos e elevados para automóveis e ônibus, mas a visão do que será a capital dentro de dez anos obriga-nos a pensar seriamente no projeto do metrô, que deveria iniciar já para que venha a ser feito com todo o rigor técnico que merece, afinal não podemos desperdiçar dinheiro.
O desafio maior é, agora, político. Nossos líderes precisam se convencer da necessidade de começar um projeto que não inaugurarão. As placas ficarão para aqueles que estiverem no poder ao término das obras. Será necessário, também, considerar os desafios de outras regiões paranaenses, justificando-se, aí, uma empresa de transportes metropolitanos de caráter estadual, até porquê o metrô em Curitiba seria, obrigatoriamente, um sistema abrangente, atendendo a RMC.
Finalmente convém lembrar que a implantação do metrô viabilizará milhares de postos de trabalho, dos mais simples aos mais complexos. Curitiba merece e nosso povo tem trabalhado para sustentar muita gente além de nossas fronteiras, está na hora de ir buscar recursos para a construção de uma bela e eficiente capital do futuro Paraná.
Cascaes
25.2.2006

Nenhum comentário: