domingo, 30 de dezembro de 2012

Subsídio sim. Louvemos sua existência


Prezado amigo Cascaes,

Olha a resposta que montei às suas declarações e ao seu artigo no "blog".


Subsídio sim. Louvemos sua existência
A partir das declarações do Engenheiro Cascaes a Gazeta do Povo, do texto no "blog" dele intitulado "O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia", do conhecimento que tenho sobre a linha do raciocínio dele, e ainda diante da grande amizade cultivada há mais de 25 anos, arrisco dele discordar. Ele escreveu "Quem paga a conta? Transparência e tecnologias (políticas, sociais e clássicas)". No texto existem alguns pontos sobre os quais vou discorrer de forma contrária. Mas não para ser do contra ou para manter a caneta aberta escorrendo tinta, ou o teclado imprimindo letras virtuais na tela. Não. A discordância tem origem no credo, faz algum tempo, da importância do subsídio. E vou discorrer mais...
Faz tempo a Prefeitura de Curitiba e os técnicos que lá estão, desde a "Era Lerner", são contrários a "Taxa Transporte", subsídio proposto por técnicos da ANTP ligados ao antigo Partido dos Trabalhadores. Os técnicos da URBS construíram forte barreira à propagação dessa ideia em todo o País. Estranhamente, passaram a adotar uma outra forma de subsídio a partir de 2010.
Luíza Erundina, quando Prefeita de São Paulo, tentou viabilizar a proposta de Tarifa Zero na pauliceia desvairada, sem contudo obter apoio da Câmara de Vereadores, onde muitos dos edis eram "subsidiados" por empresas de transportes. E estas sempre foram contrárias a qualquer tipo de pagamento indireto de tarifa. Os empresários dos transportes urbanos sempre preferiram ter em mãos a receita do serviço, sem a intermediação do poder público. Entretanto, diferentemente, em Curitiba a receita pública constitui cláusula pétrea dos contratos desde há muito.
A diferença entre a tarifa técnica é a tarifa praticada gera efetivamente subsídio. Está claro que os técnicos se renderam aos interesses populistas do atual prefeito, em continuidade à "política" do prefeito anterior. Foi a fórmula encontrada para não gerar aumento tarifário real. Repito: não sou contra isto, nunca fui. Por mim a tarifa custaria R$ 1,00 ou R$ 1,50. E alguém poderia dizer, mas isto levaria a administração pública à completa desestruturação. Será? Pergunto aos meus dois diabos. O diabo mau diz que sim, que tudo é caos, que isto geraria uma bagunça profunda das contas públicas. Por outro lado, o diabo bom afirma que não, e explica.
Entende o diabo bom que ao reduzir drasticamente o valor da tarifa e aumentar o custo do sistema para a administração pública, seria estabelecido um valor mais competitivo do serviço de transporte urbano na cidade. Pois se fizermos um deslocamento de automóvel para o centro, em um percurso de 3 ou 4 km, iremos pagar cerca de R$ 1,20, ou menos, de combustível, sem considerar os demais custos de pneus, manutenção, depreciação, gasto com estacionamento etc. Assim, se tivermos uma tarifa de R$ 1,00 os usuários começariam a titubear na hora da escolha do modal a usar em seu deslocamento.
Outro benefício gerado por esta tarifa baixa seria o fato de que os usuários tradicionais dos serviços de transportes passariam a exigir maior número de horários das linhas, com intervalos de partidas menores. E isto pressionaria o poder público e as empresas para melhorar o serviço, gerando, por conseguinte, maior demanda de passageiros e assim aumentando o volume de usuários de linhas que hoje sabemos serem deficitárias.
O fato é que algumas linhas do sistema, mormente aquelas que atendem a bairros mais próximos do centro de Curitiba, com extensão não superior a 5 km em cada "perna", ou seja, em cada lado da área central, têm hoje baixa demanda. O pior, elas estão sendo frequentadas por muitos passageiros já situados na faixa de isenção tarifária de acordo com preceito constitucional - maiores de 65 anos. Exatamente devido a isto os empresários e os técnicos não se arriscam em aumentar suas frequências. Hoje, em muitos horários dos dias úteis, e mesmo nos fins de semana, os ônibus circulam "batendo lata", para usar jargão muito popular no meio dos transportes, entre técnicos e operadores.
E quanto seria este subsídio? Considerando que o valor, segundo divulgado pela Gazeta do Povo, é de R$ 7,6 milhões/mês, teríamos em um ano cerca de R$ 91,2 milhões. Isto representa cerca de 1,5% do orçamento anual da Prefeitura, estimado em R$ 6 bilhões. É pouco. Se imaginarmos que o subsídio fosse de R$ 1,90 e não de R$ 0,30 como atesta a matéria do jornal, este percentual comprometeria 8% do Orçamento. De fato seria muito.
No entanto, precisamos refletir. Quanto seria diminuído em termos de atendimento na saúde com acidentados no trânsito? Sabemos que em cidades como São Paulo, e Curitiba está indo no mesmo rumo, os acidentados no trânsito representam mais de 30% das internações nos centros de emergência. Eles geram um custo impossível de ser suportado pela secretaria municipal de saúde, pelo SUS e mesmo pelo sistema privado, dada a frequência com a qual ocorrem os sinistros.
Também, quanto seria poupado em termos de emissão de gases à atmosfera e aqui não se coloca a questão do efeito estufa e outras questões mais globais, mas a real emissão de particulados gerada pelo uso indiscriminado do automóvel, afetando o ar que respiramos, invadindo nossas casas, nossos pulmões. Muitos morrem de câncer pulmonar e afirmam "Mas eu nunca fumei!" Fumou, sim, afirmo eu. Fumaram os particulados da gasolina. Fumaram a borra dos pneus transformadas em poeiras de borracha geradas pela fricção com o asfalto. Fumaram gás carbônico. Fumaram o grafite dos freios dos veículos em cada frenagem brusca próximo da sua casa. Ou seja, os veículos motorizados vão nos matando aos poucos e achamos tudo normal.
Mas retornando aos transportes coletivos, lembrei-me de conversa com uma prima no Rio de Janeiro, engenheira da Petrobrás, que realiza controle da produção de petróleo brasileira. Ela me disse que o Brasil não é mais alto-suficiente em petróleo. Explicou que mesmo tendo entrado em operação a área do pré-sal no Litoral Norte Paulista, os campos da Bacia de Campos entraram em declínio de produção ligeira. Assim também é nosso transporte coletivo. Cada dia que passa observamos diminuir a demanda dos passageiros transportados. Com isto será inevitável que ocorra em breve um aumento tarifário.
Ele virá primeiro pela pressão dos empresários E não será para fazer frente ao aumento dos insumos e da mão de obra, mas sim por ação dos próprios técnicos da URBS que terão de remunerar o serviço que é pago por quilômetro rodado e não por receita auferida. O engenheiro sabe que os ônibus circulam segundo uma programação definida, tenham ou não passageiros. E não preciso detalhar isto porque ele bem sabe como opera o serviço. O que virá em seguida, pela redução da demanda é o que me preocupa. Ou seja, a diminuição dos horários de partidas dos ônibus e o encolhimento dos serviços de transportes coletivos na cidade. Pelo menos quanto às linhas comuns.
Por tudo isto, é urgente subsidiar o sistema e de forma maior do que é feito hoje em dia. E mais, a prefeitura tem sim de melhorar o sistema. E que seja através de "ônibus híbridos", ou ônibus com plataforma baixa, ou ainda com ar condicionado. No entanto, os elementos mais atrativos ainda são a tarifa baixa e a frequência do sistema. Quem não se encanta com coletivos passando a cada cinco minutos próximo da sua casa? E se for confortável, moderno e relativamente ligeiro, tanto melhor.
Agora, se para isto é preciso subsidiá-lo, que aumentem os impostos. E estes pagam quem pode efetivamente. A carga tributária, em geral, é sempre menos justa para quem mais arrecada. Não é à toa que boa parte desse contingente tenta burlá-la.
Para finalizar, diria ao engenheiro e amigo que fico contente pela existência do subsídio ao transporte coletivo urbano. Isto, porque quem paga por ele não é o usuário, mas sim toda a sociedade, numa transferência de renda de quem pode mais para quem pode menos. E também nós nos beneficiamos um pouco porque também somos usuários e fazemos uso do sistema.
Grande abraço
antonio miranda

A falta de transparência do Governo e da URBS impede a população de saber onde está a verdade.


Cascaes, concordo com o Ghidiini,

A falta de transparência do Governo e da URBS impede a população
de saber onde está a verdade. Para nós, frageis contribuintes não há
como saber exatamente do que se trata.

Seria importante a realização
de uma auditagem na URBS e no sistema, realizado por empresa contábil
a ser contratada, com fiscalização do Ministério Público. Assim, teríamos
a revelação da verdade. Isto, logo no início do Governo do Gustavo.

A publicidade vinda de onde veio caracteriza insubordinação grave,
que se for mentira pode até gerar quebra de contrato. E se for
verdade poderia acarretar demissão de responsáveis públicos. 

Bom ano para todos.
miranda
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Em 30 de dezembro de 2012 08:26, Roberto Ghidini Jr > escreveu:
Que barbaridade!

onde é que chegamos Cascaes...

rg

sábado, 29 de dezembro de 2012

Informe publicitário publicado hoje - Gazeta do Povo - URBS

Quem paga a conta? Transparência e tecnologias (políticas, sociais e clássicas)


Surpresa!!!

Dia a dia vamos ficando céticos em relação ao futuro de nosso país. A grande mobilização é em direção às férias e justamente nesse período todas as maldades acontecem.
Em Curitiba, que se orgulha com razão do seu transporte coletivo urbano, temos contradições incríveis.
Quando falamos do transporte coletivo nossas autoridades desprezam o mais importante: a opinião do usuário do sistema, daqueles que realmente pagam a conta.
Quem arca com os custos dos vales e buracos? O contribuinte e o usuário sem acesso aos benefícios de vales e subsídios.
A notícia (Ônibus híbridos inflam tarifa técnica) via Gazeta do Povo e reportagem de Mariana Scoz mostra como são geradas as contas em torno das características dos ônibus, coisa que mais tarde ou em poucos dias, estamos em férias (!!!), irá se transformar em tarifas e subsídios (o contribuinte paga).
Note-se que o custo do transporte coletivo urbano pesa exatamente sobre as camadas mais pobres da cidade.
Qualidade? Deveríamos impor soluções de mobilidade segura a partir da porta da casa para todos, de pedestres a milionários em seus carrões, afinal eles (os mais endinheirados) eventualmente caminham pela cidade.
Diante disso devemos cobrar dos novos prefeitos, dos governadores atuais e do Governo Federal uma política real de mobilidade urbana, não coisa para agradar turista ou cartéis bem montados.
Cascaes
29.12.2012

SCOZ, M. (29 de 12 de 2012). Ônibus híbridos inflam tarifa técnica. Fonte: Gazeta do Povo: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=1331481&tit=nibus-hibridos-inflam-tarifa-tecnica

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

forum > de mobilidade nesta quinta, 18h30, no auditório do SENGE


Pessoal:
Repasso convocatória do Zé Ricardo do SENGE (Sindicado dos Engenheiros), sobre o Fórum Popular de Mobilidade e do Metrô.

André Caon Lima

> Date: Tue, 4 Dec 2012 16:45:07 -0200
> Subject: Fórum Popular de Mobilidade e do Metro
> From:
> To:
>
> Pessoal,
>
> escrevo para lembrar (para aqueles que já receberam a ligação) e para
> convidar os demais a retomarmos as atividades de constituição do forum
> de mobilidade nesta quinta, 18h30, no auditório do SENGE. Peço que
> divulguem aos interessados e confirmem a possibilidade de presença.
>
> Abs,
> Zé Ricardo

domingo, 2 de dezembro de 2012

Madrid - uma boa reportagem do transporte coletivo urbano

ônibus de piso rebaixado - ACESSIBILIDADE

Vi as duas reportagens em seu "blog". Cheguei até a fazer um comentário para a primeira reportagem, mas não acertei por três vezes em decifrar aquelas endemoniadas letrinhas tortas, distorcidas, por três vezes. Conclusão: o "blog" apagou meu comentário antes de publicá-lo. Não vou fazer mais. Deixa as matérias lá, solitárias. Importante dizer que gostei muito, em especial daquela da metáfora do cabrito montanhês dizendo não precisar ser assim. Grande Abraço miranda