Grandes obras urbanas e o
oportunismo de quem decide – o metrô curitibano
As cidades são a exteriorização
do ego e interesses de seus cidadãos. No mundo das aparências e conveniências
seus habitantes trabalham, lutam para sobreviver e defender o que a curto e em
médio prazo lhes parece mais conveniente.
Obras menos complexas e
principalmente a favor da população incapaz de afetar de “moto próprio” o
processo político são desprezadas. As razões para tudo podem ser dadas
cientificamente pelos psicólogos e em muitos livros de outros descobrimos raciocínios
paralelos e significativos.
Pensar dói e a maioria das
pessoas delega o que tem de mais importante: a defesa de suas necessidades
básicas.
Hannah Arendt chama a atenção
para a fragilidade desse processo (representação) em (Sobre a
Revolução) .
Podemos lembrar que a Tecnologia possibilitaria processos de pesquisa e
divulgação de estudos permanentemente, o que, aliás já existe, mas as novelas e
jogos de futebol e agora esportes violentíssimos (provavelmente porque outros
esportes não “pegaram”) dominam as mentes do nosso povo, horários de pregação
religiosa fazem o resto.
O fundamentalismo religioso (Yalon, O
Enigma de Espinosa, 2013) e o radicalismo político dominam as
mentes humanas enquanto atividades acessórias afetam a racionalidade ao
extremo. O tempo disponível para pensar livremente desaparece, mais ainda
diante do medo de contrariar clientes, chefes e até a família.
A civilização universal e a
cultura avançam. Maravilhosamente novos formatos e sistemas de comunicação
viabilizam diálogos não presenciais e passíveis de registro. Com certeza a Humanidade
será muito diferente dentro de poucas décadas.
O Brasil mostrou em junho de 2013
que seus jovens não estão castrados. A partir daí o Governo e as elites trataram
de aprimorar seus processos de emasculação. Cercas, estábulos e novos vaqueiros
completam o controle que a FIFA exige e nossas elites chiques imploram.
Um livro espetacular e recente
merece ser lido com extrema atenção, lido, estudado, discutido etc. O “O enigma
de Espinosa” (Yalon, 2013)
com certeza é uma marco na história do pensamento humano que vem se somar à
obra de outros autores fantásticos (Livros e Filmes Especiais) assim como filmes e
trabalhos técnicos que podemos descobrir em bons portais e livrarias.
Irvin D. Yalom (Yalon) relata o pesadelo de
gente que tem capacidade e vontade de ser livre, pensar e exercer a coragem da
verdade, algo que Michel Foucault destaca em suas últimas aulas.
Precisamos, aproveitando tudo
isso, discutir urgentemente e com profundidade os desafios do século 21 e as nossas
prioridades reais. Se antes do século 19 o desafio colossal era a liberdade de
expressão e de opções religiosas e no século 19 e 20 questões ideológicas
(camuflando a resistência atávica a direitos materiais), Eric Hobsbawm descreve
muito bem isso tudo, agora chegamos ao tempo em que a sobrevivência da Humanidade
depende de seus hábitos e opções de vida urbana.
O desafio é:
De que jeito convencer as pessoas
a se preocuparam com os problemas reais de sua comunidade?
Que prioridades?
Onde gastar tempo e dinheiro?
De que forma poderemos aprimorar
os processos democráticos?
O projeto do metrô curitibano é
um exemplo atualíssimo do que pretendemos dizer. O povo brasileiro precisa de
tudo. Os serviços essenciais e outros tão importantes quanto o que denominamos
essenciais carecem de investimentos e manutenção. O Brasil perdeu décadas com
suas crises econômicas oriundas de prejuízos com guerras a seus vizinhos e as internas,
fratricidas e violentíssimas (Gomes, 2013) . Pior ainda, foi a
base estratégica de desenvolvimento extremamente cruel e erigida sobre a ignorância
e passividade de nosso povo...
Na Região Metropolitana de
Curitiba temos um espelho dos problemas brasileiros. As contradições são
enormes e revertem contra a classe média, principalmente, que sai de suas casas
para gaiolas em prédios gigantescos. A utilização do transporte individual é quase
uma necessidade básica, há insegurança em tudo e por tudo. O pedestre precisa
ser atleta (Cascaes, Cidade do Pedestre) e bem preparado em
lutas marciais se quiser viver com tranquilidade. Assim os “shopping centers”
aparecem por todo lado e a hora de entrada e de saída de empregos e salas de
aula é um pesadelo viário.
Nos bairros pobres da RMC (Cascaes,
PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA) seus moradores
deixam crianças (Cascaes, Ações ODM em Curitiba e
RMC)
nas ruas e muitos as carregam em seus carrinhos de catar lixo. Longe dos olhos
das elites acadêmicas, intelectuais, econômicas etc. o povo vegeta e se vê
condenado a vidas precárias. Pão e circo para essa gente; templos e pregadores
religiosos completam a estratégia de formação de cidadãos e cidadãs fatalistas,
tão disciplinados quanto for possível.
O metrô vem aí, oba!
Precisamos do transporte
subterrâneo, até porque assim os trabalhadores mergulharão em cavernas, longe
dos olhos dos empregadores. Maravilha! E pode ser mais um cartório gigantesco. A
participação da iniciativa privada será, como de hábito no Brasil, sem grandes
riscos. Quem pagará a conta? O povo via IPTU, ISS, impostos estaduais e
federais, os usuários do transporte coletivo urbano e, indiretamente, todos que
perderão recursos para salários melhores, afinal, quem gasta mal paga pior.
Em tempo, aqui descobrimos postos
de trabalho privilegiados, o chato é que a Câmara de Vereadores de Curitiba não
pode empregar todo mundo nessas condições...
Prioridades? O que é isso gente
boa?
Cascaes
28.12.2013
Arendt, H. (s.d.). Sobre a Revolução. (D.
Bottmann, Trad.) São Paulo: Companhia das Letras.
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes
Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Cidade do Pedestre:
http://cidadedopedestre.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ações ODM em Curitiba e
RMC: http://odmcuritiba.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO –
VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA. Fonte: PROJETO LIBERDADE EM
AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA:
http://projetoliberdadeemcolombo.blogspot.com.br/
Gomes, L. (2013). 1889. Fonte: Livros e Filmes
Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/1889.html
Hobsbawm, E. (s.d.). Era dos Extremos - O breve
século XX 1914-1991. (M. Santarrita, Trad.) Companhia das Letras.
Yalon, I. D. (2013). O Enigma de Espinosa. (M.
H. Rouanet, Trad.) Rio de Janeiro: AGIR.
Yalon, I. D.
(s.d.). Irvin D. Yalon M.D. Fonte: Irvin D. Yalon:
http://www.yalom.com/index.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário