segunda-feira, 22 de março de 2010

Subsídios no transporte coletivo urbano e a URBS

Concessões ou permissões no transporte coletivo urbano


Contratos de concessão são leoninos. Significam um compromisso fortíssimo de manutenção de algum serviço com alguma empresa que, por sua vez, fará investimentos e prestará serviços durante alguns anos. Sendo grandes e normalmente incapazes de serem deslocados, os equipamentos e instalações precisam dessa proteção ao investidor.

No transporte coletivo, entretanto, a situação é muito diferente. O empresário pode transferir seus veículos para outra cidade ou atividade, os imóveis podem ser alugados, vendidos ou reaproveitados, o pessoal recontratado pelas outras empresas.

Para situações de maior interesse social e não tão arriscadas existem os contratos de permissão e, no caso do transporte coletivo, a possibilidade de participação do Poder Público nos investimentos. Em 1986 Curitiba chegou à soleira dessa possibilidade com a criação da frota pública, o pagamento por quilômetro e a delegação da URBS como entidade fiscalizadora e gerenciadora do transporte coletivo urbano de Curitiba; um “acordo de cavalheiros” premiou os empresários mantendo-os como permissionários em compensação à aceitação da mudança de concessionários para permissionários. Não dormiam de touca e assim, com a saída de Roberto Requião da Prefeitura, assumiram a compra dos mais de trezentos ônibus que tínhamos contratado para a frota pública. A PMC, com outra visão, aos poucos colocou os custos do gerenciamento (URBS) nas tarifas e agora até a manutenção dos pontos de embarque deverá estar por aí, além da concorrência ter sido “onerosa”, ou seja, mais um custo para o empresário, que desabará sobre o usuário.

Havia necessidade de licitar concessões? Não haveria algo mais inteligente e seguro para o nosso povo?

Vimos no caso do pedágio das estradas do Paraná o que significa “concessão”.

Pagando por quilômetro a Urbs poderia trocar e até ampliar o número de permissionários (sob concorrência pública). Afinal o custo e a qualidade dos serviços de monitoramento e vigilância melhoraram tremendamente de dez anos para cá e os preços (se honestos) despencaram. A Urbanizadora de Curitiba S. A. – URBS – ganhou experiência e formou quadros técnicos excelentes desde aquela época.

A URBS pode tranquilamente aprimorar seus serviços, é só o prefeito querer.

O pagamento por quilômetro permitiria criar formas de subsídio sem interferência dos empresários, seria tema exclusivamente político. Paralelamente, aproveitando ofertas de crédito via BNDES, a Prefeitura teria como retomar a formação da frota pública. Os grandes empresários, alguns diante do presente que será a linha de metrô próxima a suas garagens, poderiam vender seus terrenos e os novos empresários, em maior número, usar outros espaços para estacionamento e manutenção de seus ônibus. Escolas dariam cursos para motoristas, cobradores e mecânicos além dos administradores e muita gente deixaria de ser empregado para ser dono de sua pequena empresa de transporte coletivo urbano. Ou seja, teríamos um processo de desregulamentação à inglesa com benefícios tremendos para os usuários, pois esses investidores menores aceitariam com mais tranqüilidade os padrões que o povo estabelecesse.

Diante de tudo isso simplesmente não entendemos o edital que a URBS publicou em 29 de dezembro do ano passado e que abriu no final de fevereiro e início de março. Por quê não discutiram melhor as alternativas? Por quê o povo não foi amplamente informado e apoiado pelas entidades de classe, sindicatos, conselhos etc.?

É de chorar ver o que está acontecendo.



Cascaes

13.3.2010

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