sábado, 27 de março de 2010

O vandalismo em Curitiba

Quem usa o transporte coletivo urbano em Curitiba chega a ficar envergonhado com o resultado da ação dos vândalos. É difícil entender a não utilização adequada de recursos de vigilância em terminais, ônibus, abrigos nos pontos de embarque e desembarque, estações tubo e nas vias de trânsito mais expostas a esse tipo de ação criminosa. Mais intrigante era a tolerância com esse tipo de banditismo.

O fenômeno é da humanidade, afinal as duas Grandes Guerras Mundiais do século 20 mostraram nações inteiras destruindo, depredando, agredindo outras sob pretextos absurdos. Lembrando que os países que formaram o Eixo eram considerados cultos e desenvolvidos, podemos entender a facilidade com que o ser humano se entrega a atos agressivos, se estimulados por lideranças ruins.

Como estagiário do governo francês, 1988, cheguei a ver, em exposição de equipamentos para o transporte coletivo, materiais, sistemas e equipamentos anti-vandalismo e em Estrasburgo a declaração de um diretor daquela cidade de que haviam eliminado uma linha de ônibus por não conseguirem conter o vandalismo de estudantes. Em 30 cidades francesas implantavam ou já existiam em operação sistemas de monitoramento, observação, comunicação e operação do trânsito e, obviamente, de pessoas nas cidades.

Em Curitiba estamos observando, pela ação crescente dos torcedores de futebol em “guerras” absurdas, que o “homo sapiens sapiens” não é tão inteligente quanto a designação científica dá a entender.

Nosso povo até tem suas razões para perder a paciência e explodir em momentos de excitação esportiva. A corrupção causa prejuízos bilionários aos brasileiros e nossos governos e legisladores olimpicamente procuram minimizar seus “deslizes”, colocando-se até acima da Lei, imaginando-se parte de uma aristocracia, que a democracia deveria ter apagado dos padrões de comportamento.

No Brasil grupos de pessoas procuram, ou pela opção esportiva ou política e ainda sendo, de alguma forma ricos, estarem acima da Lei comum.

Queremos Justiça, respeito, fraternidade, igualdade de direitos e solidariedade e não a formação de gangues, tribos, castas etc.

Antes tarde do nunca. Pelo menos contra os vândalos "esportivos" teremos reação firme.

Parabéns à URBS pela decisão de, conforme reportagem da Gazeta do Povo (1)  em 27 de março, acionar judicialmente os vândalos.

“Chegou a hora de dar um basta nessa bagunça. Todo e qualquer tipo de comportamento que ferir as normas vigentes serão reprimidos pela polícia ou Guarda Municipal e os infratores serão processados”, disse Fernando Ghignone, diretor de transportes da Urbs.

Agora também é momento de se discutir com profundidade a atuação do governo que se instalará com a saída do prefeito de Curitiba e do governador do estado do Paraná para disputa de outros cargos políticos.

Nossa esperança é que os próximos prefeitos e o governador não percam um minuto de mandato e iniciem de imediato estudos e a negociação de um acordo de implementação de sistemas modernos de vigilância para os usuários de ônibus e bicicletas e pedestres em geral; nosso povo merece qualidade, conforto e segurança no transporte coletivo urbano das cidades em que vivem assim como exercer sem medo o direito de ir e vir em qualquer condição de trânsito.

Infelizmente temos que usar de todos os recursos que a tecnologia oferece para não sermos surpreendidos por pedradas e xingamentos de pessoas que desconhecemos e que só sabemos serem de algum tipo de “agremiação” pela camisa que usam.



Cascaes

27.3.2010

http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?tl=1&id=986914&tit=Urbs-promete-cobrar-vandalos-por-prejuizo-apos-o-classico

2 comentários:

Ghidini disse...

Cascaes,

O monitoramento em específico nos sistemas de transporte, sao ferramentas úteis na hora de verificar incidencias relativas a violencia, superlotaçao, acidentes e tantas outras atitudes relacionadas com a operaçao diária dos veículos e dos terminais ou paradas.
Esperávamos que a licitaçao promovida recentemente pela URBS, colocasse avanços na RIT como a implantaçao da integraçao temporal e a video-vigilancia nos terminais e nos ônibus, além de outras melhorias na qualidade do transporte público.
Ficou devendo. Seguiremos sendo vítimas de um sistema que se reproduz baseado na transferência e concentraçao do capital dos trabalhadores de baixa renda aos empresários do setor e nada mais.
O interesse deixou a muito tempo de ser o transporte e se voltou apenas no lucro que dá esse negócio. Nós, seguimos firmes no nosso direito de apontar os erros e defender a melhoria do transporte público.

rg

João Carlos Cascaes disse...

Tecnologia a favor do usuário do transporte coletivo urbano é prioridade baixa, o que importa é diminuir custos...
Pelo menos é o que entendemos com o edital recente da URBS.