sábado, 6 de março de 2010

Curitibano bonzinho

Ilhamento, distribuição do desenvolvimento


Quando Roberto Requião era prefeito de Curitiba tivemos uma pregação intensa a favor da descentralização de Curitiba. Para o transporte coletivo urbano chegou-se a criar as “linhas de Vizinhança”, gratuitas, para estímulo ao crescimento local. A lógica do “não transporte” era entendida como saudável, ou seja, viva em seu bairro.

Posteriormente esse mesmo transporte coletivo transformou-se em algoz dos municípios conurbados. Facilidades de integração e incentivos absurdos trouxeram fábricas e prédios gigantescos para dentro das fronteiras da cidade (já ouviram falar em “solo criado”?). Cidades dormitório foram surgindo à medida que suas atividades econômicas perdiam competitividade com as da capital, prejudicadas, entre outras coisas, pela tarifa única, metropolitana, quando integrada à rede local. Para a URBS o pesadelo virou contas a pagar. A integração metropolitana representou ao sistema curitibano, a partir de 2005, um prejuízo de 30 milhões, 36 milhões, 37 milhões, 44 milhões, o que ao longo de quatro anos significou algo em torno de 150 milhões de reais (palavras de seu atual presidente no primeiro semestre de 2009).

Para viabilização do sistema a PMC reaplicou na URBS o ISS arrecadado com a própria Urbanizadora, e daí?

A concentração de investimentos, incentivos etc. na RMC foi e é decisão do governo do estado. Esse processo está transformando Curitiba numa megalópole e sua RMC já mata a cada dois anos, em acidentes de trânsito, mais gente que o terremoto do Chile de 27 de fevereiro de 2010. A criminalidade cresce assustadoramente, morre mais gente do que no trânsito. O que o povo da capital ganha com tanto “incentivo”?

No início de 2009 a URBS renovou convênio com a COMEC, pára quê? Para continuar a ter prejuízo? Os termos desse acordo deveriam ter sido apresentados para discussão com o povo de Curitiba, foram?

Curitiba será dividida em três capitanias. O edital da URBS diz isso. Obviamente os empresários não pretendem perder o tremendo investimento que farão para manter o serviço atual, enorme até para exercer o direito (concorrência bem onerosa), não apenas para a troca natural de veículos, além dos custos de manutenção de garagens, oficinas, combustíveis, lubrificantes etc. e pessoal.

O que devemos pensar com profundidade, nesse momento que descobrimos tantas facilidades para a construção de uma linha de metrô que custará uma fortuna, é:

- qual é a responsabilidade do Município, Estado e União com o povo que depende do transporte coletivo urbano?

Mais da metade do custo tarifário dos ônibus urbanos é imposto, encargo, taxas e burocracias contra a operadora, ou melhor, agredindo o usuário de ônibus (ou os pagadores de “vales transporte”), que estará embarcando em veículos com até 6 pessoas por metro quadrado em horário de pico (conforme edital), sujeito a mergulhar em algum buraco nas “belíssimas e históricas” calçadas da cidade, ser assaltado antes de chegar em casa etc., e assim ajudando a salvar o planeta que os ricos poluem.

Brasileiro é bonzinho como dizia aquela loiraça num programa humorístico clássico da nossa televisão.

Aqui em Curitiba, apesar do “Vale Transporte” , que facilita a vida do empregado e obrigado a usar o transporte coletivo, artifício criado pelo Dr. Affonso Camargo Neto, ainda viabilizamos um sistema que inibe o desenvolvimento das cidades conurbadas, e até mais distante de nossas vizinhas, que mereceriam ter bons hospitais, escolas, shoppings, mercearias, indústrias, parques etc., evitando-se deslocamentos torturantes, mas atraentes, ao centro e periferia da capital.



Cascaes

6.3.2010

No final dos anos 70 e começo dos 80, havia um programa humorístico chamado “O Planeta dos Homens” – com Jô Soares, Agildo Ribeiro, Paulo Silvino e outros – que continha um esquete em que a lindíssima atriz norte-americana Kate Lyra, esposa do compositor Carlos Lyra, era sempre, por um motivo ou outro, ajudada por um marmanjo cheio de segundas intenções para com aquela linda e apetitosa mulher. Ela invariavelmente agradecia com o bordão: “Brasileiro é tão bonzinho!”


http://64.233.163.132/search?q=cache:ES0KHieCZIcJ:blog.karaloka.net/2006/05/06/brasileiro-e-tao-bonzinho/+brasileiro+%C3%A9+bonzinho&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

Wikipédia - No Brasil, o Vale-Transporte se constitui em benefício que o empregador antecipará ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento da residência para o trabalho e vice-versa. Entende-se como deslocamento a soma dos segmentos componentes da viagem do beneficiário, por um ou mais meios de transporte, entre sua residência e o local de trabalho. Não existe determinação legal de distância mínima para que seja obrigatório o fornecimento do Vale-Transporte, então, o empregado utilizando-se de transporte coletivo, por mínima que seja a distância, o empregador será obrigado a fornecê-los. O Vale-Transporte é utilizável em todas as formas de transporte coletivo público urbano ou, ainda, intermunicipal e interestadual com características semelhantes ao urbano, operado diretamente pelo poder público ou mediante delegação, em linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente. Excluem-se das formas de transporte mencionadas os serviços seletivos e os especiais.

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