segunda-feira, 22 de março de 2010

A telesupervisão e o transporte coletivo urbano

A telesupervisão e o transporte coletivo urbano


Os sistemas de transporte coletivo urbano poderiam ser monitorados, processados e orientados quase instantaneamente, permanentemente, “on line” como se diz vulgarmente. Os custos desses sistemas caíram muito e o potencial cresceu fantasticamente e poderiam ter outras funções para compensar custos (exemplo, os famosos radares e a vigilância contra vandalismo).

O desafio é fazê-los de maneira racional, competente e honesta. Vimos no escândalo Arruda como a informática facilmente se transforma em instrumento de formação de caixa dois, pois dá espaços para “enrolações” incríveis e o povo não tem referências públicas e notórias de custos, qualidade e benefícios.

No Paraná a COPEL implementa o Projeto BEL – Banda Extra Larga. Com esse sistema (http://www.copel.com/hpcopel/telecom/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Ftelecom%2Fpagcopel2.nsf%2Fdocs%2F1AC4A4010374897303257537005E23E9) os paranaenses poderão criar serviços fantásticos, pois a rede de fibra ótica da empresa cresce sem parar e pode ser complementada por uma coleção de instrumentos de comunicação. Ensino a Distância (EAD), segurança (sistemas de vigilância), bibliotecas, museus e até laboratórios virtuais poderão ser criados a partir dessas tremendas infovias. Nossos estudantes com deficiências poderão compensar o pesadelo de freqüentar salas de aulas de acesso difícil usando a internet, mais ainda, com softwares adequados transformar em sons ou textos o que precisarem.

Obviamente o BEL será um recurso de estímulo às telecomunicações em geral, devendo reduzir custos que são absurdamente caros no Brasil se comparamos tarifas e serviços daqui com os de países razoavelmente sérios, além de ser mais uma fonte de receita da COPEL.

O que devemos lembrar, repetir, gritar, berrar é a importância dos sistemas de supervisão, medição, rastreamento e comunicação com a utilização de centrais de operação real dos veículos dedicados a transportes de passageiros (inclusive taxis). Poderemos usufruir de lógicas de apoio que os franceses, por exemplo, já usavam na década de 1980, quando tudo era muitíssimo mais caro. Naquela época “Systèmes Automatiques D”Informations” (MALINVAUD, 1988) e o MINITEL (1) davam aos operadores e agentes de administração do transporte coletivo recursos maravilhosos de gerência eficaz. Em 1988 três milhões de unidades MINITEL distribuídas pelos lares, empresas, terminais etc. permitiam ao cidadão de Paris, por exemplo radical, saber quanto tempo faltava para determinado ônibus chegar a algum ponto de embarque em LION e os motoristas, em seus lugares bem protegidos (excelente layout) tinham a possibilidade de comunicação com a Polícia, garagem, central de operação etc. Qualquer ponto de embarque mais importante tinha e tem painéis de informação de tempos de chegada de veículos (o problema do vandalismo também existe por lá).

Ou seja, quando vemos que até na Rodoferroviária de Curitiba havia há pouco tempo jeito de esconder o corpo de uma menina brutalizada e assassinada, entendemos nosso atraso técnico e os escândalos intermináveis mostram, vergonhosamente, tristemente, a maneira de agir de muitas das nossas autoridades.

Felizmente, graças à mesma internet, ainda que muito ruim, podemos via blogs, youtube, twitter, Orkut, celulares etc. e a ação de uma imprensa livre e vigilante forçar ajustes e melhorar nossos serviços essenciais.

Precisamos, entretanto, democratizar amplamente os conselhos de consumidores, são importantíssimos e mal estruturados. Eles já não precisam ser ninhos de alguns eleitos pelos poderosos. Nada impede que se cadastre quem quiser para receber relatórios eletrônicos das concessionárias e senha para mais informações e cobranças via emails. Por quê não fazem?

Nossos legisladores podem corrigir as leis existentes introduzindo detalhes como, por exemplo, a exigência de um prazo mínimo de 5% do tempo de vigência do contrato entre a publicação e abertura de propostas para outorga (de qualquer serviço público) e assim permitir um debate amplo do que nossas autoridades pretendem.

Podemos e devemos estimular a criação de laboratórios independentes para certificação, homologação de produtos e realização de auditagens e ensaios.

Devemos discutir com profundidade nossos serviços essenciais em todos os ambientes possíveis, precisamos exercer nosso poder de cidadania.

Acima de tudo está na hora do povo brasileiro usar melhor a Engenharia e os sistemas de fiscalização.

Cada dia que passa mergulham0os mais na tristeza de sentir que somos enganados em prosa e verso, até quando?



João Carlos Cascaes

23 de março de 2010

MALINVAUD, J. -P. (1988). Les Transports Publics, Systèmes Automatiques d'Informations, Guide 89 (Ministére de l'Équipment, du Logement, de l'Amenagement du Territoire et de Transports ed.). França: Imprimerie MONTLIGEON.

(1) Minitel é um pequeno terminal de consulta de banco de dados comerciais existentes nos Correios, nas Telecomunicações e nas Teledifusões existentes na França. Minitel é uma rede nacional de recuperação de informações, existentes na França, que fornece milhares de serviços de dados a milhões de lares. O serviço de Videotexto on-line, Minitel, foi lançado na França em 1982 pela PTT (Postes, Télégraphes et Téléphones, tradução para o português: Correios, Telegráfos e Telefones). Desde 1991 que o serviço está dividido entre a France Télécom - Orange e a La Poste. Quando foi criado,os usuários faziam compras on-line, reservas para o trem, checavam a cotação das ações na bolsa de valores, a lista telefônica, e, ainda estabeleciam um Chat similar com aquele que é feito pela Internet.Wikipédia

Nenhum comentário: