terça-feira, 19 de março de 2013

Tarifas e bilhetagens eletrônicas


Medições, padrões, inviolabilidade e confiabilidade
O Setor Elétrico teve seu início mais elaborado nas medições de energia e demanda. As concessionárias e grandes consumidores reuniam-se para discussão de padrões e sistemas de medição, onde o assunto ia de uma ponta à outra da contagem dos preciosos MWh e MW.
No início da década de oitenta saímos por Curitiba para comprar um relógio de pêndulo, o mais preciso possível, para podermos ter uma referência adequada de tempo. Era preciso calibrar e instalar esse relógio com muito cuidado e a leitura e aferição dos aparelhos de medidas nos pontos de entrega ou intercâmbio de energia passava por mil cuidados permanentes. Podia-se perder (ou ganhar) muito se, por qualquer descuido, a medição não funcionasse bem.
Naquela época começavam a existir aparelhos mais sofisticados, eletrônicos. O problema era importar. A reserva de mercado era uma barreira, mais ainda se existisse dentro do equipamento qualquer coisa que parecesse ligado à área de Informática.
Felizmente aos poucos as barreiras diminuíram e pudemos até montar laboratórios sofisticados, como o LAC (atual LACTEC).
O problema gradativamente mudou de enfoque. Qual a confiabilidade dos sistemas mais modernos? Seriam invioláveis? Resistiriam às condições de trabalho?
Vimos, por exemplo, as dúvidas em torno das urnas eletrônicas e o escândalo da contabilização informatizada das eleições para governador do estado do Rio de Janeiro. Se não fosse a pressão pela mídia Leonel Brizola teria perdido na contagem dos votos...
Continuamos reféns de sistema de confiabilidade discutível, como, parece que já aconteceu o preço de prateleira mostrar um valor e na hora de passar pelo caixa aparecer alguma diferença.
Temos questões abundantes nos arquivos dos PROCONs e a ausência de uma legislação severa e muitos contratos pecam pela ingenuidade de uma das partes, pelo menos. Nada garante que sendo eletrônico o sistema seja à prova de fraudes e/ou falhas.
Com certeza a melhor inspeção é o acompanhamento do histórico de medições e observação de cenários. Quando os desvios acontecem acabam sendo indicadores de problemas eventuais que merecem auditorias para tranquilidade geral e individual das vítimas possíveis.
No caso do transporte coletivo urbano há muito a ser auditado permanentemente. O sistema movimenta fortunas e qualquer desvio pode ser milionário.
Note-se, transcrevendo um e-mail de um amigo:
"-queda de 2,5 ( dois milhões e meio de passageiros/ mês) desde 1994, quando o número de passageiros transportados era de 27 milhões em 1989, de 26,5 milhões em 1995, 27.9 milhões em 1996 e hoje é de 25 milhões segundo a URBS., com o inexplicável aumento da frota em 53%. Em 1994 a frota era de 1.300 veículos e hoje é de 1950 veículos (URBS, 2013). Como se explica a queda do número de passageiros com o aumento da frota e da quilometragem rodada?" a referência a uma frequente lotação máxima experimentada cotidianamente pelos usuários ?

Até seria possível que um aumento na frota com redução de passageiros, mas isto seria sentido pelos usuários no desafogamento/redução da lotação... isto não é algo evidenciável, pelo contrário, os ônibus continuam excessivamente lotados, assim como os tubos e terminais.
...
Ou seja, na discussão sobre os contratos de concessão e solicitações de aumentos de tarifa dos ônibus de Curitiba e RMC devemos, para não haver dúvidas atrozes, exigir uma auditoria técnica séria, permanente, competente e da maior amplitude nas condições de bilhetagem e apropriação de valores registrados.
Qualquer sistema de tarifação de serviços e controle de clientes exige atenção especial.
Parece-me que isso não acontece em Curitiba.
Insistindo: alguém viu relatórios sistemáticos de auditoria com anotação de responsabilidade técnica feita por profissionais independentes, de credibilidade comprovada e competência insuspeita?
Esperamos que tudo esteja justo e perfeito, mas para haver essa certeza devemos cobrar, talvez via Ministério Público ou de outra forma em Ação Civil Pública as informações que todos precisam para ter em condições de afirmar ao povo de Curitiba e RMC que devem pagar algo próximo a um euro, um dólar e meio, três reais e centavos por viagem de ônibus superlotados.
Abraços

Cascaes
P.S.: e nas outras cidades brasileiras, como fazem esse tipo de análise?

Cascaes
19.3.2013



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