quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Greve em Curitiba

Greves em serviços essenciais
Muitas atividades humanas são absolutamente necessárias e não podem sofrer interrupções. Serviços de energia, saneamento básico, coleta e tratamento de lixo, segurança e outros que aparecem sem essa denominação, mas se tornam importantíssimos a todos nós surgem e ganham significado estratégico.
Sendo essenciais, podendo matar e causar acidentes quando são interrompidos, exigem continuidade.
Ninguém é obrigado a aceitar qualquer profissão. É inerente à opção profissional um compromisso que deveria existir sob acordo legal, ético, por força da sociedade organizada.
Podemos talvez até importar motoristas de Cuba. Não?
O direito de greve[1] foi e é extremamente importante, contudo. A amplitude da paralização deve, sendo atividade de interesse geral, submeter-se a decisões do Poder Judiciário.
Apesar de determinações da Justiça do Trabalho, entretanto, podemos ser submetidos a ausência de serviços essenciais, que tenham a proteção de políticos e empresários.
As greves podem ser o que denominamos “lockouts”[2] e é fácil perceber quando a pretensa greve de funcionários tem o apoio de seus empregadores.
Como acontece em qualquer agrupamento de pessoas a unanimidade é algo extremamente raro. Mesmo em situações muito difíceis muitos trabalhadores resistem à ideia de aceitar movimentos grevistas e isso se deve a muitos fatores, que vão da educação ao medo de perder empregos.
Quando a paralização é total algo mais existe.
No Brasil atual o Governo Federal costuma apoiar sindicatos e movimentos sociais, ensaiando medidas não muito evidentes de cooptação de lideranças. Essa condição de governabilidade e paralelamente a qualidade do gerenciamento de concessionárias onde os patrões ganham proporcionalmente aos custos criam um ambiente de incertezas e greves de toda espécie.
Na década de cinquenta eram os estivadores do Porto de Santos que usavam e abusavam da força de chantagem que possuíam. Os “bagrinhos” trabalhavam e os trabalhadores sindicalizados faziam política.
E agora?
Com certeza tudo seria diferente se nossos governantes se aplicassem com mais rigor na defesa do povo em geral, aquele que paga todas as contas e impostos e precisa trabalhar, viver.
Como atenuantes podemos considerar nossos paradigmas franceses (onde as greves são parte do cotidiano daquele povo) e as condições de conflito entre grandes grupos econômicos e a evolução do trabalhador, longe de ser respeitado.
Se alguma dúvida existe em relação ao transporte coletivo urbano, algo que agora está em greve em Curitiba (26 de fevereiro de 2014), devemos observar com atenção as condições desumanas de trabalho dos cobradores das estações tubo e a falta de estrutura de apoio aos motoristas dentro e fora dos ônibus. Para gáudio e lucro dos empregadores o trabalhador braçal existe em abundância viabilizando serviços difíceis e mal pagos. Afinal estamos sendo comparados a chineses e indianos e querem que sejamos competitivos com os bolsões de trabalho escravo ou desesperado.
Lamentamos tremendamente as diferenças de tratamento entre sistemas caríssimos e altamente subsidiados, até criando “cartórios” para a participação privada sem risco e sem dinheiro (usando o BNDES e outros benefícios). O projeto financeiro do metrô em Curitiba precisa ser conhecido em detalhes.
Poderíamos ter frotas públicas, pagamento por quilômetro, compensações maiores aos trabalhadores do transporte coletivo urbano e tarifas menores.
Tudo foi abandonado de forma insolente por aqueles que mandavam em Curitiba.
Greve? Lockout? O que temos agora?
Acreditamos mais em lockout, afinal querem forçar aumentos de tarifas...

Cascaes
26.2.2014




[1] Greve é a cessação colectiva e voluntária do trabalho realizada por trabalhadores com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Por extensão, pode referir-se à cessação colectiva e voluntária de quaisquer actividades, remuneradas ou não, para protestar contra algo (de conformidade com a "Consolidação das Leis do Trabalho(CLT)". Wikipédia
[2] Lockout é a paralisação realizada pelo patrão com o objetivo de exercer pressões sobre os trabalhadores, visando frustrar negociação coletiva, ou dificultar o atendimento de reivindicações (greves). Se for por motivos econômicos ou financeiros ou em protesto contra o governo não é lockout , que é proibido conforme artigo 17 da Lei 7.783/89.

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