Tarifas, sindicatos, planilhas e poder concedente
Contratos de delegação de concessão de serviços essenciais
são acordos importantíssimos para definição de responsabilidades e direitos. Nenhum
empreendedor, empregador ou empregado é obrigado a aceitar. Felizmente vivemos
num país livre e aqui as pessoas podem mudar de atividades profissionais,
lugares e até de sexo.
Empresas concessionárias, portanto, sendo privadas devem ser
gerenciadas com a maravilhosa habilidade atribuída à iniciativa privada.
Tarifas têm valores e valores. Bem fiscalizadas, com
estatísticas precisas e custos bem negociados e auditados podem chegar a
décimos de Real de precisão, mais do que isso é chute, e ganhar a confiança do
povo.
Com certeza sempre qualquer das partes com autoridade para decidir
limites de custos poderá regatear, até exigir dentro das cláusulas do contrato
de concessão ajustes nos valores pagos ou cobrados.
Em Curitiba o transporte coletivo urbano foi privatizado. Criaram
uma sistemática de avaliações onde até um Conselho de Usuários dá palpite. Alguém
viu e ouviu algum filme sobre essas reuniões?
Na imprensa os gestores da URBS, Presidente do SINDIMOC e
até o Prefeito apareceram explicando a greve que talvez tenha terminado. E os
donos das empresas concessionárias? On de estão?
Na prática tanto os técnicos da PMC quanto seu Prefeito
deveriam silenciar sobre as negociações, concentrando-se em viabilizar a
segurança daqueles que furassem a greve, atendendo pungentes pedidos dos donos
das concessionárias para voltarem a trabalhar.
Imaginamos que até ameaças de demissão e solicitação de
apoio da PM aconteceram. Os empresários devem ter batalhado em suas sedes para
convencer motoristas e cobradores a trabalhar. Afinal devem ter sentido o
desespero daqueles a quem servem, o povo.
Naturalmente nem a Justiça do Trabalho precisaria agir com
tanto rigor, afinal normalmente uma parcela dos empregados é leal a seus
patrões.
Algo estranho aconteceu, entretanto, não vimos os efeitos da
gerência privada do sistema, exceto a de seus advogados dizendo que com essa
planilha técnica não poderiam trabalhar.
Que tristeza.
Diante de tantos prejuízos os concessionários devem estar
devolvendo seus direitos de exploração.
Ninguém imagina que capitalistas competentes queiram
responsabilidades sem lucro, pior ainda com prejuízo.
O Prefeito de Curitiba acenou com algum rigor. Vai fazer o
quê?
Ninguém pode ser obrigado, contudo, a trabalhar com prejuízo
em tempos de Paz.
Curitiba é um exemplo de altruísmo?
Tirando os motoristas e cobradores, todos os demais são
brasileiros bonzinhos? Quanto espírito franciscano.
Cascaes
28.2.2014