quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O metrô em Curitiba

O metrô em Curitiba

Um grande projeto sempre dá asas à imaginação. Concebê-lo, desenvolvê-lo e implementá-lo é um desafio maravilhoso e a oportunidade de se criar soluções para problemas futuros, novos e antigos.
Em Curitiba o projeto de sua primeira linha de metrô avança. Ótimo! A cidade está em franco crescimento, precisando ter, em uma década, um sistema de transporte coletivo adicional ao existente. A saturação na superfície é evidente e não vai parar de aumentar tão cedo. A terra, o chão que pisamos, poderá ser melhor utilizado, mais ainda quando se dá tanto destaque às questões ambientais (o ser humano ficou em segundo plano, efeito lêmingues[i]?).
Uma rede metroviária (em diversos eixos), elevada e/ou subterrânea, integrada a de superfície é a solução que merecemos, mais ainda num estado que tanto dinheiro transfere para a União (queremos algum retorno dessa fortuna, que sustenta tanta gente fora de nosso estado graças a uma lógica perversa de distribuição do dinheiro dos impostos). É utopia imaginar outros modais e protelar o que convencionamos chamar de metrô; sistema de grande capacidade e confiabilidade, menos poluente e em condições de melhorar o transporte coletivo urbano da capital paranaense, como o será tendo linhas subterrâneas, elevadas ou em circuitos de superfície rigidamente dedicados, isolados para garantir rapidez sem acidentes, atropelamentos, conflitos de trânsito...
Se alguém tem dúvidas sobre o que isso significa é só conhecer grandes cidades servidas por “subways”, “métropolitains”, metrôs enfim. Composições ferroviárias circulando em grande velocidade, carregando no horário de maior demanda dezenas de milhares de passageiros por hora e por sentido, estações de embarque enormes, sistemas de apoio complexos, enfim, um conjunto de aparelhos e lógicas que se somam para a viabilização do transporte de milhões de pessoas, rotina indispensável a metrópoles modernas. A capital do estado de São Paulo, por exemplo, deveria ter de 4 a 5 vezes mais quilometragem de linhas. Atrasou-se em meio a crises e discussões, agora o paulistano perde em média, diariamente, quase três horas por dia no trânsito, quanto custa isso para todos nós em perda de produtividade, saúde, combustíveis?
Novos equipamentos urbanos, velhos desafios.
Temos discutido muito a péssima qualidade das calçadas curitibanas, a má iluminação das ruas, manutenção inadequada, falta de segurança e outras características de um conjunto superado diante dos desafios de uma cidade que se agiganta.
A primeira linha, eixo norte/sul, está orçada em torno de dois bilhões de reais. Esse dinheiro todo poderá ter cinco a dez por cento a mais para garantir calçadas de acesso, rampas, elevadores, comunicação para pessoas com deficiência, etc. Ou seja, desde os primeiro traços nas pranchetas dos projetistas impõe-se ter em mente a plena acessibilidade e segurança do usuário como condição inegociável de desenvolvimento do metrô.
Pode-se aprender muito viajando, conhecendo sistemas.
Infelizmente quem realmente precisa do transporte coletivo urbano não usufrui das delícias do turismo internacional. Os mais pobres carecem de tempo, dinheiro e formação para usar a internet, estudar e fazer sugestões em consultas públicas eletrônicas. Resumindo, grande parte dos usuários do transporte coletivo urbano pode muito pouco, por enquanto. Saberão, contudo, mais cedo ou tarde se de fato foram bem atendidos.
Felizmente os sistemas de comunicação, ensino, acesso à cultura etc. desenvolvem-se tornando – se mais e mais eficazes e menos caros, aumentando gradativamente amplitude e qualidade. Nessas condições os eleitores do ano 2020, por exemplo, saberão dizer se fizeram ou não boas opções, desde que não estejam em outro período de censura e repressão.
Temos tempo e oferta de dinheiro (isso afirmado por representante do BNDES em reunião pública em Curitiba sobre sistemas metroviários) para construir um metrô inteligente e ajustado a todos os seus futuros usuários, sem qualquer restrição física, mental ou sensorial.

Cascaes
23.9.2009


[i] Lêmingues são pequenos roedores, medem cerca de 10 a 15 cm e pesam cerca de 30 gramas. São normalmente encontrados em zonas perto do pólo norte, e sendo herbívoros ... São conhecidos pelo mito de que, quando migram em bando, por vezes se suicidam saltando abaixo de penhascos; na realidade, isso apenas acontece a alguns membros do bando que são empurrados pelos restantes, acabando, por vezes, caindo. A imagem de lêmingues caindo foi utilizada certa vez pelo compositor/cantor Peter Hammill, que os comparou a uma Humanidade à beira de um desastre devido à ignorância e à submissão. (Wikipédia)

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