sábado, 8 de setembro de 2012

O metrô curitibano


O metrô curitibano
O projeto do metrô em Curitiba é mote de campanhas eleitorais e exemplo de criação simplista do que realmente precisamos. Parcialmente elevado e depois subterrâneo, será uma obra cara, dependendo de dinheiro a fundo perdido do município, estado e União (prioridades?). Isso significa submissão política e perda de independência do futuro prefeito. Bastará qualquer interrupção no fluxo de recursos para o prolongamento da inauguração, talvez por alguns anos. O Governo Federal procura baixar impostos e os funcionários públicos lutam por aumento de salários. “Investimentos X custos operacionais X conveniências políticas” serão parâmetros que vão pesar nos próximos anos. Obviamente as tarifas serão o tema final nesse jogo em que começaram ao contrário, primeiro definiram de forma açodada o trajeto para depois entrar em análises que deveriam preceder o projeto.
O circuito escolhido dará oportunidade a algum sossego aos moradores ao longo da via e à reurbanização das avenidas, mas em termos de transporte coletivo acrescentará a diferença de capacidade do circuito com ônibus cada vez mais eficazes, que seriam melhores se algumas obras complementares acontecessem. Isso significa que se ganha pouco nesse trecho quando outros pedem desesperadamente uma solução, como, por exemplo, no trajeto das linhas circulares.
Outras formas de transporte são possíveis, assim como a inibição urgente do uso de automóveis onde for possível. Temos poucos calçadões, deveriam ser muito maiores com piso adequado às pessoas com deficiência (e idosos) e ciclovias. Nesse sentido algumas cidades europeias merecem ser analisadas minuciosamente. Para não falar em Paris, merece destaque Bordeaux (Cascaes) onde bondes, ônibus, ruas para pedestres, ciclistas e pedestres convivem com tranquilidade. No Japão os monotrilhos são bem usados (Monorails in Japan) e aceitos, aqui somos ricos demais para admitir soluções mais baratas.
A campanha eleitoral tem o defeito de ser um período curto de exposição de ideias e análise de projetos.  Quem decide são assessorias técnicas nem sempre maduras suficientemente a enxergar problemas típicos de Curitiba e soluções ideais, menor custo, acessibilidade, segurança etc., vemos muitas paixões e pouca preocupação com a melhor técnica que não aparece em palanques, mas em estudos de uma empresa bem constituída dedicada ao transporte coletivo, algo que não temos, pois o cenário foi dominado por leigos em Engenharia e Economia, o que é péssimo. Por quê Engenharia e Economia, mais ainda, sociologia e bom urbanismo? Porque se os desenhos encantam, os cálculos decidem.
Não vimos estudos alternativos comparando soluções e colocando-as para análise da população. É interessante como construções distantes criam polêmicas monumentais, exigem estudos de impacto ambiental, diversas audiências públicas e um roteiro de contatos especiais com a população quando, ao contrário, em obras urbanas vale tudo, inclusive o famigerado “solo criado” autorizando prédios onde se acreditava estar livre deles.
Politicamente todos têm culpa no cartório por ação ou omissão. Afinal discutir obras quando estão para iniciar é um desastre. A obra mais cara é aquela que não termina. Pior ainda, em cidades criam expectativas, famílias escolhem seus lares e lugares para trabalhar e colocar seus filhos em escolas pensando no que será a cidade dentro de alguns anos...
De alguma forma o projeto do metrô deverá entrar no imaginário de nossa população, afinal é bom ou ruim, quem vai pagar a conta, que tarifas serão praticadas, como será o cronograma real, que impactos produzirá no comércio, no trânsito, na vida dos curitibanos? Não custa pensar, mais ainda quando podemos ouvir teses a favor e contra.
Quem vencerá? Sabemos quem perderá, será o usuário do transporte coletivo urbano se o metrô não significar muito e o contribuinte precisar compensar erros de cálculo.
8.9.2012
Cascaes, J. C. (s.d.). Bordeaux. Fonte: O Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia: http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/2009/08/bordeaux.html
Monorails in Japan. (s.d.). Fonte: Wikipedia, the free encyclopedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Monorails_in_Japan

  

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