O metrô curitibano
O projeto do metrô em Curitiba é
mote de campanhas eleitorais e exemplo de criação simplista do que realmente
precisamos. Parcialmente elevado e depois subterrâneo, será uma obra cara,
dependendo de dinheiro a fundo perdido do município, estado e União
(prioridades?). Isso significa submissão política e perda de independência do
futuro prefeito. Bastará qualquer interrupção no fluxo de recursos para o
prolongamento da inauguração, talvez por alguns anos. O Governo Federal procura
baixar impostos e os funcionários públicos lutam por aumento de salários.
“Investimentos X custos operacionais X conveniências políticas” serão
parâmetros que vão pesar nos próximos anos. Obviamente as tarifas serão o tema
final nesse jogo em que começaram ao contrário, primeiro definiram de forma
açodada o trajeto para depois entrar em análises que deveriam preceder o
projeto.
O circuito escolhido dará
oportunidade a algum sossego aos moradores ao longo da via e à reurbanização
das avenidas, mas em termos de transporte coletivo acrescentará a diferença de
capacidade do circuito com ônibus cada vez mais eficazes, que seriam melhores
se algumas obras complementares acontecessem. Isso significa que se ganha pouco
nesse trecho quando outros pedem desesperadamente uma solução, como, por
exemplo, no trajeto das linhas circulares.
Outras formas de transporte são
possíveis, assim como a inibição urgente do uso de automóveis onde for
possível. Temos poucos calçadões, deveriam ser muito maiores com piso adequado
às pessoas com deficiência (e idosos) e ciclovias. Nesse sentido algumas
cidades europeias merecem ser analisadas minuciosamente. Para não falar em
Paris, merece destaque Bordeaux (Cascaes)
onde bondes, ônibus, ruas para pedestres, ciclistas e pedestres convivem com
tranquilidade. No Japão os monotrilhos são bem usados (Monorails
in Japan)
e aceitos, aqui somos ricos demais para admitir soluções mais baratas.
A campanha eleitoral tem o
defeito de ser um período curto de exposição de ideias e análise de
projetos. Quem decide são assessorias
técnicas nem sempre maduras suficientemente a enxergar problemas típicos de
Curitiba e soluções ideais, menor custo, acessibilidade, segurança etc., vemos
muitas paixões e pouca preocupação com a melhor técnica que não aparece em
palanques, mas em estudos de uma empresa bem constituída dedicada ao transporte
coletivo, algo que não temos, pois o cenário foi dominado por leigos em
Engenharia e Economia, o que é péssimo. Por quê Engenharia e Economia, mais
ainda, sociologia e bom urbanismo? Porque se os desenhos encantam, os cálculos
decidem.
Não vimos estudos alternativos
comparando soluções e colocando-as para análise da população. É interessante
como construções distantes criam polêmicas monumentais, exigem estudos de
impacto ambiental, diversas audiências públicas e um roteiro de contatos
especiais com a população quando, ao contrário, em obras urbanas vale tudo,
inclusive o famigerado “solo criado” autorizando prédios onde se acreditava estar
livre deles.
Politicamente todos têm culpa no
cartório por ação ou omissão. Afinal discutir obras quando estão para iniciar é
um desastre. A obra mais cara é aquela que não termina. Pior ainda, em cidades
criam expectativas, famílias escolhem seus lares e lugares para trabalhar e
colocar seus filhos em escolas pensando no que será a cidade dentro de alguns
anos...
De alguma forma o projeto do
metrô deverá entrar no imaginário de nossa população, afinal é bom ou ruim,
quem vai pagar a conta, que tarifas serão praticadas, como será o cronograma
real, que impactos produzirá no comércio, no trânsito, na vida dos curitibanos?
Não custa pensar, mais ainda quando podemos ouvir teses a favor e contra.
Quem vencerá? Sabemos quem
perderá, será o usuário do transporte coletivo urbano se o metrô não significar
muito e o contribuinte precisar compensar erros de cálculo.
8.9.2012
Cascaes, J. C. (s.d.). Bordeaux. Fonte: O
Transporte Coletivo Urbano - Visões e Tecnologia:
http://otransportecoletivourbano.blogspot.com.br/2009/08/bordeaux.html
Monorails in Japan. (s.d.). Fonte: Wikipedia,
the free encyclopedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Monorails_in_Japan
Nenhum comentário:
Postar um comentário