A descoberta de petróleo nos EUA e a sua transformação em combustível para veículos foi uma das bases da tremenda revolução econômica norte-americana. Mega empresários souberam criar uma base industrial sólida e espaços de dominação tecnológica, que criaram comportamentos típicos daquela super potência. Em paralelo à disseminação dos hábitos de transporte individual, extremamente convenientes à indústria petroleira e automobilística, inibiu-se investimentos no transporte coletivo e as cidades se asfaltaram, concretaram-se e se enfeitaram para os automóveis, o pedestre foi deixado de lado.
Reportagem do Financial Times de Edward Alden, republicada pela UOL em 6 de julho deste ano, oferece alguns dados para reflexão, os norte americanos consomem diariamente quase 21 milhões de barris de petróleo, dois terços no transporte de pessoas e cargas. Lembrando que os EUA correspondem a 5% da população mundial, podemos imaginar como seria a Terra se a humanidade tivesse padrões de consumo semelhantes.
Ou seja, deve ser prioridade absoluta de todas as nações mais desenvolvidas e daquelas com grande potencial de crescimento encontrar formas alternativas de transporte. Nossos ambientalistas precisam, também, agir energicamente contra o padrão norte-americano, que, se adotado universalmente, cobriria a Terra de fumaça em pouco tempo.
Temos a biomassa, ótimo! Bom porque o combustível é renovável e as plantas que o produzem consomem mais CO2 do que a queima de seus produtos libera. Precisamos, contudo, pensar na dimensão dos espaços ocupados pela agricultura e pecuária. Deveremos optar entre alimentos e energia.
O transporte aéreo, (em média 124 Kg de Co2 por hora de vôo por passageiro em avião a jato, o que pode aumentar se o peso médio das pessoas crescer) o mais poluente de todos, deve ser uma exceção.
Temos alternativas. O transporte motorizado, principalmente o individual, é tremendamente agressivo. Para viabilizá-lo boa parte da superfície das cidades é impermeabilizada. Consomem parte substancial do dinheiro do contribuinte. Atropelamentos e acidentes matam milhares de brasileiros ano a ano. Em Curitiba, capital que se diz ecológica, por determinação de regras de construção, sob os prédios são feitas garagens que afundam no solo, afetando drasticamente o lençol freático e a permeabilidade do solo. As ruas usam preferencialmente o asfalto, concreto betuminoso, material totalmente impermeável...
A verdade é que nossos ambientalistas nunca se interessaram em analisar com profundidade o transporte motorizado, preferem discutir a perereca do Tibagi e outras coisas dessa espécie...
Alguns americanos estão preocupados com o consumo de petróleo. As crises no Oriente Médio têm dado um lucro colossal às petroleiras, mas induzem o povo norte-americano a lutar contra povos distantes, onde morrem talvez pelos salários que recebem, cada vez menos por sentimentos patrióticos naturalmente despertados pelos atentados de 11 de setembro. Aos poucos estão percebendo que fazem papel de trouxas para empreiteiras e indústrias de seu país.
O ganho das companhias de petróleo, contudo, é absolutamente extraordinário. Esse dinheiro nas mãos de alguns acionistas é mais um instrumento poderosíssimo de conquista de mentes e corpos. Assim sustentam campanhas eleitorais, a mídia e estimulam a formação de exércitos que seus parceiros nessa lógica mórbida que domina o mundo aplaudem.
Com facilidade podemos jogar a culpa dos problemas ambientais em feras escondidas em escritórios distantes. E nós? O que fazemos para corrigir hábitos tão insalubres?
O transporte coletivo urbano e interurbano precisa ser a opção preferencial de todos nós.. A famosa camada de ozônio e outras camadas podem ser corrigidas se reaprendermos a usar o transporte coletivo e, mesmo nessa condição, optando-se pela forma mais adequada ao uso que se pretender do sistema.
Cascaes
22.7.2006
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