sábado, 31 de janeiro de 2015

A RIT - Rede Integrada de Transporte Coletivo de Curitiba deve acabar?

O transporte coletivo na Região Metropolitana de Curitiba – o teatro do absurdo
O tema integração do transporte coletivo de Curitiba e sua região metropolitana mostrou à população um debate tecnocrático por excelência.
O tema é político e tremendamente importante para centenas de milhares de pessoas que residem por aqui, com certeza mereceria uma discussão entre todos os prefeitos da RMC, vereadores, lideranças empresariais, Governo do Estado, especialistas e análises radicalmente diferentes. Por onde anda esse pessoal?
O que vimos?
É muito fácil para quem não precisa caminhar (pelas nossas calçadas tremendamente irregulares) e usar os ônibus decidir contra um sistema que se integrou à vida dos paranaenses nessa região.
O transporte coletivo aqui existente na RMC com ônibus que oferecem capilaridade, visibilidade e oportunidade de acesso a escolas, hospitais, parques, áreas de lazer e cultura, postos de trabalho etc. sem os tremendos subsídios que outros modais coletivos exigem foi uma conquista de muitos ao longo de décadas.
O que chamamos de ônibus (excluindo daí os bondes, trens, metrôs etc.) evolui sem parar e permite inúmeras formas de gerenciamento, layout, tecnologias, fontes de energia etc.
O desafio da otimização é permanente.
Curitiba é modelo internacional graças às canaletas e organização de seu sistema criando o que agora é denominado BRT. O sucesso dos terminais, veículos otimizados, as pistas dedicadas, o gerenciamento técnico e durante poucos anos da frota pública, pagamento por km, gerenciamento enérgico e preocupação com a manutenção viabilizaram a mídia técnica de empresas e profissionais paranaenses no resto do mundo. O transporte curitibano integrou-se parcialmente ao das cidades conurbadas e outras mais distantes e menores, onde a carência de serviços especializados é uma realidade cruel. A RIT deu, com a integração, oportunidade de muita gente mais humilde usufruir atendimentos e escolas que lá seriam quase impossíveis.
Aqui, agora, parece que se trabalha para a desmoralização do que existe, desde a invasão de pistas que servem aos ônibus, ambulâncias, bombeiros e ao policiamento até a falta de cuidado e critérios precários de repavimentação das pistas.
O episódio do debate em torno da integração foi kafkiano.
As dificuldades financeiras do Governo do Estado são evidentes e explicáveis. Afinal estamos em período de recessão com a queda das exportações para a Argentina, a perda de valor comercial de nossos produtos e até de indústrias que não conseguem competir com países onde o trabalho escravo é rotina e a sanha fiscal menor, menos burocracia e proatividade tecnológica.
Sem apoio federal o Paraná é principalmente exportador de impostos...
Agora, diante das dificuldades enfrentadas pelo estado do Paraná, seria o momento de diálogo sem rancores entre os políticos de todos os partidos a favor de nossa gente mais humilde; o que vimos, contudo, foi um embate duro e já uma sucessão de greves de motoristas e cobradores, o saco de pancadas, trabalhadores que, em desespero, param para receber salários.
Tivemos manifestações, auditoria promovida pela Câmara de Vereadores de Curitiba, entrevistas etc. e agora, aproveitando as férias e a distração criada por escândalos federais o peso de decisões que nos preocupam muito.
Curitiba gasta a favor da integração, que poderia ser mais inteligente e racional, mas também recebe o benefício de áreas enormes de preservação ambiental na RMC para ter água menos poluída, indústrias que mantêm empregados que procuram a capital para gastar seus salários, clubes e áreas de lazer onde os curitibanos vão nos finais de semana, cidades dormitório, espaços de hortaliças e frutas próximos etc.
Ou seja, a Região Metropolitana de Curitiba criou uma verdadeira simbiose entre seus habitantes.
Comparando o que foi gasto para a Copa do Mundo podemos e devemos perguntar, a integração deve deixar de existir?
Cascaes
31.1.2015



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