Claro Cascaes,
Vá em frente.
Se fosse impublicável, não postaria o comentário.
Uma vez que conheço o Prof. Lindau faz algum tempo
e penso não ter realizado em direção a ele nenhum
comentário maldoso ou deselegante, acho que publicar
esta opinião não irá magoá-lo. Ainda tenho-o na reputação
de um bom técnico e grande estudioso dos transportes.
Grande Abraço.
miranda
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Em 14 de janeiro de 2013 14:13, João Carlos Cascaes <jccascaes@onda.com.br>
escreveu:
Miranda
A
velha pergunta: posso divulgar via blog?
Excelente
artigo.
Abraços
Cascaes
De: fomus@googlegroups.com
[mailto:fomus@googlegroups.com]
Em nome de Antonio Miranda
Enviada em: segunda-feira, 14 de janeiro de 2013 11:40
Para: fomus@googlegroups.com
Assunto: Re: [FoMUS] Ônibus é tão bom quanto o metrô
Enviada em: segunda-feira, 14 de janeiro de 2013 11:40
Para: fomus@googlegroups.com
Assunto: Re: [FoMUS] Ônibus é tão bom quanto o metrô
Conheço
Lindau desde 1993, quando trabalhei por um ano na administração do Governo do
Tarso Genro, na Prefeitura de Porto Alegre. Naquele período exerci o cargo de
Coordenador do Grupo de Trabalho Circulação e Transporte do Programa "Porto
Alegre +, Cidade para Todos". O Lindau era um dos membros do grupo que
era aberto a toda sociedade e tinha reuniões semanais. Por diversas vezes ele
defendeu o modo ônibus e se opôs a bicicleta como modo de transporte. Ainda que
admitisse o seu uso, não a enxergava como um dos modais para a circulação
urbana no caso brasileiro.
É claro
que já se passaram vinte anos e o Lindau pode ter mudado a sua posição. Por ser
um homem viajado deve ter percebido o fenômeno recente dos jovens europeus que
abandonaram o "sonho do automóvel" e se interessam cada vez mais por
modos que garantam suas mobilidades com baixo custo e rápido deslocamento com
bicicletas comuns e bicicletas elétricas. Esta última representa uma nova febre
na Europa, pelo menos em países com menos tradição no uso da bicicleta comum,
como Itália e países do leste europeu recentemente incorporados à Comunidade
Europeia.
Ao
afirmar que Curitiba, estranhamente, não possui pesquisa de origem/destino dos
usuários dos transportes, quero contar uma passagem de quando era funcionário
do GEIPOT e tivemos uma reunião como IPPUC, em 1983, portanto há trinta anos.
Fomos levar àquele órgão a proposta para realizarmos uma pesquisa ampla de
origem/destino em todo o sistema e assim melhor entendermos como seriam os
desejos de viagens dos usuários do sistema. E naquela reunião fatídica, numa
imensa mesa redonda, onde se sentaram diretores da nossa empresa e a alta
cúpula do IPPUC, em certo momento perguntamos como chegavam as conclusões sobre
qual medida tomar sem ter o conhecimento da demanda. Com o quê os técnicos que
não vale aqui nominar responderam, de forma um tanto prepotente e agressiva que
"Os dados estão aí, é a realidade que se vê. Portanto, não precisavam
de pesquisa para definir o que é melhor para os transportes da cidade e da
população."
Desde
muito esta é a realidade do IPPUC e dos seus técnicos. Quem dita o que é bom
para a cidade não é a população, mas sim o traço e o desejo dos técnicos. É
claro que o Professor Lindau quer vender seu peixe e tentar colocar um produto
que a instituição que representa acredita e está apta a ofertar. Está claro que
por trás do modo ônibus há todo um "lobby" das grandes empresas de
ônibus, que Lindau disfarçadamente representa.
Agora
que o ônibus é tão bom como o metrô, posso afirmar que isto é balalela.
Igualmente dizer que construir cacimbas na região do semiárido nordestino é
melhor do que água encanada proveniente de poços artesianos profundos ou esta
inacabável transposição do São Francisco.
É
preciso estar claro que o sistema ônibus tem um limite de capacidade, a partir
do qual pouco é possível acrescer em termos de oferta de lugares. Não existe
sistema de transporte ilimitado. Todos têm um limite a partir do qual atinge o
seu ápice de atendimento. E quando a demanda sobrepõe o mesmo começa a ocorrer
a sua deterioração. E isto é inevitável quanto a chuva nas cabeceiras das
barragens, que obrigam a abrir as comportas do vertedouro.
A
capacidade do sistema BRT (incluindo uma canaleta) é de 30 mil passageiros/hora
sentido e pronto. Está bem, com o desalinhamento das estações e inclusão de
sistema sobreposto tipo "linha mais direta"(ligeirão), pode atingir
40 mil passag./hora sentido. Mas por aí para. E já até estou estendendo os
números. No entanto, jamais vai atingir a 80 mil passageiros/hora sentido que é
a capacidade de um metrô. E que em São Paulo, pela baixa variação da rede acaba
por transportar em algumas linhas quase 100 mil/passageiros/hora sentido em
horários de pico.
Portanto,
dizer que ônibus é tão bom quanto metrô deve ser entendido como um pequeno
"lobby" do Lindau para agradar os técnicos municipais e assim abrir
portas aos seus objetivos. O sistema de transportes de Curitiba por ônibus ao
longo das canaletas é bom sim. Bom não, é excelente. Mas daí a dizer que é tão
bom quanto o metrô, vai uma grande distância.
E quanto
às bicicletas, elas podem muito. Podem sim, se houver uma rede bem estruturada
de vias especiais, com ciclofaixas laterais às canaletas; com novas
infraestruturas permitindo outras ligações, numa rede com mais de 350km,
retardar a necessidade de ampliar a vida útil do sistema de transporte coletivo
por ônibus. E assim, nesta operação casada, empurrar a necessidade do metrô
para anos mais à frente. No entanto, sem infraestrutura para as bicicletas e
com as ruas cada vez mais congestionadas com automóveis haverá uma falência
generalizada da mobilidade e logo logo teremos de nos verter a inevitável saída
para soluções de mobilidade onde o metrô ocupará semanalmente as páginas dos
nossos jornais.
Antonio
Miranda
Em
13 de janeiro de 2013 13:58, João Carlos Cascaes <jccascaes@onda.com.br>
escreveu:
Análise
ausente nesta excelente reportagem: a insegurança do usuário do transporte
coletivo indo e vindo do ponto de ônibus.
Abraços
Cascaes
13.1.2013
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