sexta-feira, 12 de abril de 2013

A integração deixará de existir - e como ficam os usuários e o sistema de transporte coletivo, o que acontecerá no "day after"?


Pesadelo operacional, o fim da integração no transporte coletivo metropolitano na RMC
Talvez algum dia os brasileiros acordem para a importância superior do gerenciamento técnico das cidades, dos estados e da União às simples conveniências políticas e eleitoreiras.
Vimos tragédias nesse início de 2013 de envergonharem qualquer mestre de obras, quanto mais os bons profissionais em Engenharia porventura existentes. Vítimas da demagogia e despreparo de governantes, parlamentares e até funcionários de repartições públicas e concessionárias dedicados a serviços essenciais, muita gente morreu, ficou aleijada, viu suas moradias destruídas etc. enquanto o Governo só fala e pensa na Copa do Mundo e algumas bolsas a mais para apaziguar eleitores que lhe interessam.
No Paraná vivemos numa situação kafkiana.
Com a derrota em Curitiba, o Governo do Estado, amargando ainda prejuízos fiscais com atitudes intempestivas do Governo Federal, decidiu encerrar o subsídio ao transporte coletivo urbano integrado da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), salvo melhor juízo.
Podemos analisar e discutir eternamente as vantagens e desvantagens da integração, mas com o fim sumário em maio, a mudança será operacionalmente colossal; estamos preparados para isso? Será que todos pararam para pensar nas consequências, no “day after”?
Atualmente, após tantos anos de integração temos linhas embaralhadas, os terminais estão feitos para suportar a integração, não têm barreiras e catracas entre ônibus da RIT e aqueles de Curitiba, assim como em alguns outros municípios da RMC. Com o final da integração onde e quais linhas operarão? Onde os passageiros poderão embarcar, como identificarão as melhores opções e quanto pagarão pelas passagens?
Os empresários terão de imediato ônibus, motoristas, cobradores e mecânicos para trabalhar na ampliação da frota que perde otimização com a desintegração da RIT?
O Terminal da Guadalupe suportará mais ônibus? Existem terminais em Curitiba ou áreas de estacionamento e regulação dos ônibus da RMC na condição operacional que se avizinha?
Será que todo mundo enfiou a cabeça em algum buraco, apelando para a solução “avestruzeana”?
Parece que o sofrimento do povo é secundário.
Pretende-se criar um pesadelo para o tarifaço pretendido pelas empresas?
A história do “bode russo” é conhecida. Uma família em conflito de repente tem que abrigar um bode em casa por decisão do chefe familiar (homem ou mulher). A partir desse momento todos começam a detestar e discutir a presença do bode e se lembrar de como era boa a casa antes do intruso peludo e fedorento. Quando o mal-estar torna-se suportável, o chefe de família manda retirar o bode da casa. A partir aí a felicidade e concórdia voltam a reinar, todos felizes com a distância do cheiroso e a utilização exclusiva dos seus quartos e salas.
Qual é a estratégia reinante? Não acreditamos em falta de inteligência. Existe opção decidida?
O Ministério Público deveria entrar em cena para cobrar explicações preventivas, assim como os sindicatos, CREA, CAU, IEP, vereadores etc. A prudência e até a possível responsabilização pelo que ocorrer exigem ações judiciais e técnicas de embasamento de prováveis acusações.
É também assunto para todos os municípios do Paraná, afinal, se o subsídio for mantido, como ficam outras regiões do estado com cidades conturbadas. Isso foi colocado com vigor, não pode mais ser esquecido.
O pesadelo, contudo, será o período de ajustes. Gente humilde será sacrificada ao extremo. Trabalhadores gastarão mais tempo em seus deslocamentos, estudantes sem direito a uso de automóveis ($$$) poderão perder aulas, o trânsito vai piorar...
Curitiba era uma cidade responsável e modelo de urbanismo. Poderá voltar a sê-lo. Mais importante que critérios de desenho urbano, contudo, é a operação dos sistemas existentes, a manutenção, a confiabilidade, a utilização otimizada das concessionárias, equipamentos urbanos, ruas, etc. e serviços existentes.
Uma metrópole não pode aceitar improvisações evitáveis, mais ainda, a falta de transparência técnica e de informação necessária e suficiente à vida justa e merecida de seus habitantes.

Cascaes
12.4.2013
P.S.: se você usa a RIT, sabe qual será a situação a que estará sujeito se a integração acabar?


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